Fumar maconha ou usar medicação?

Fumar maconha faz o mesmo efeito que usar a medicação?

     Existe uma enorme diferença entre fumar maconha e o uso terapêutico de substâncias em sua composição. O cigarro de maconha contém diversos compostos não purificados, produtos em estado bruto.

     A Cannabis possui mais de 500 elementos entre eles o CBD (canabidiol) e o THC (tetrahidrocanabinol). O canabidiol (CBD), composto da Cannabis sativa foi isolado a partir do extrato da maconha na década 1940 por Adams (ZUARDI, 2008). Na década de 1960 o canabidiol (CBD) teve a sua estrutura química elucidada pelo grupo do professor Raphael Mechoulam, de Israel (CRIPPA; ZUARDI; HALLAK, 2010). A partir de então, vários estudos trouxeram a luz a enorme capacidade de tratamentos com o uso dos canabinóides.

     Quando fumada, a maconha ativa todos seus compontes que são absorvidos pelo corpo que produzem seu efeito alucinógeno, enquanto na medicação isso não ocorre. O CBD na medicação possui uma concentração que combate os efeitos nocivos do THC, de forma que os medicamentos aprovados de THC também têm em sua composição o CBD (efeito comitiva explicado aqui).

     Segundo Rodrigues (2019), O modo de administração de canábis medicinal - se a canábis é fumada, vaporizada ou consumida oralmente - pode ter implicações importantes para a sua eficácia terapêutica e riscos para a saúde. O uso de um vaporizador foi associado a menos sintomas respiratórios, e pode servir como um método efetivo de redução de danos. Outros estudos descobriram que pode haver alguns efeitos prejudiciais da vaporização da cannabis, como uma produção significativa de amoníaco neurotóxico.

Vaporizador

      No site Cannigma, Thomas Wrona aponta os efeitos positivos e negativos de se fumar:

     "Os Prós

     Fumar cannabis é rápido e conveniente. Também pode expor os usuários a quantidades ligeiramente maiores de canabinoides totalmente decompostos como o CBN; alguns estudos indicaram que esse canabinoide pode ter propriedades anticâncer. No geral, fumar é um acréscimo valioso ao arsenal terapêutico do paciente que utiliza a marijuana para uso medicinal.

     Do ponto de vista da experiência pessoal, o tabagismo também oferece aos pacientes a oportunidade de ver, cheirar e tocar sua marijuana para uso medicinal. Isso pode ser quase como a aromaterapia, e algumas pessoas descrevem que tocar a planta oferece uma percepção mais natural.

     Os Contras

     Embora o fumo seja conveniente e de ação rápida, ele apresenta algumas desvantagens médicas. Fumar pode resultar em doses inconsistentes, pois quantidades variadas de cannabis queimada podem ou não chegar aos pulmões.

     Foi demonstrado que a fumaça de cannabis contém, em média, cinco vezes mais cianeto de hidrogênio e 20 vezes mais amônia do que a fumaça do tabaco. No entanto, possui níveis mais baixos de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos do que ela. E, é claro, fumar qualquer coisa significa exposição a agentes cancerígenos.

     Felizmente, isso é provavelmente pior na teoria do que na prática. Um estudo longitudinal publicado em 2015 acompanhou fumantes habituais de cannabis por 20 anos e não encontrou nenhuma ligação entre câncer de pulmão e uso de cannabis medicinal.

     Um estudo demográfico de 2006 também não apontou correlação entre as taxas de câncer e o hábito de fumar cannabis." 

     Fumar maconha faz o mesmo efeito que usar a medicação?

     Não. A maconha fumada provoca efeitos psicotrópicos enquanto a medicação não possui estes efeitos dentre outras coisas explicadas no texto acima.

 

Referências:

CRIPPA, J.A.S; ZUARDI, A.W; HALLAK, J.E.C. Uso terapêutico dos canabinóides em psiquiatria, 2010.

RODDRIGUES, Pedro Manuel da S. Efeitos da Canábis na cavidade oral - Medicina Dentária da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Porto, p.32. 2019. Disponível em:<https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/122550/2/355349.pdf> Acesso em 20 out 2020.

WROMA, Thomas. Cannabidiol: froman inactive canabidiol to a drug with mide spectrum of action. Disponível em: <https://cannigma.com/pt-br/consumo/o-consumo-de-cannabis-para-uso-medicinal-atraves-da-inalacao/> Acesso em 22 out 2020.

ZUARDI, A.W. Cannabidiol: froman inactive canabidiol to a drug with mide spectrum of action, 2008.