Dá para fazer a medicação usando o "prensado" vendido nas comunidades?
O prensado vendido nas comunidades não serve para a produção do óleo para fins medicinais. A origem da planta, quais produtos foram usados durante o plantio, quais partes da planta ele contém e outras dúvidas fazem com que não tenhamos como saber se o produto final terá a quantidade de CBD e THC que precisamos e nem se só terá os canabinóides, já que pode estar misturado com outras plantas.
O óleo artesanal medicinal, é feito somente com as flores de plantas fêmeas para haver a quantidade certa dos canabinóides. No prensado entretanto, existe todas as partes da planta que podem estar contaminadas quimicamente, com micróbios e outras toxinas.
A Prof. Dra. Virgínia Martins Carvalho, da Faculdade de Farmácia da UFRJ e coordenadora do Projeto Farmacannabis, afirma que a planta produzida ilegalmente, por não possuir controle de qualidade, não apresenta nenhum dado confiável sobre eficácia para tratamentos de saúde.
Outro ponto importante que deve ser levado em consideração é que o prensado geralmente possui alto teor de THC e baixíssimo de CBD porque a sua utilização é para fins alucinógenos.
“A planta prensada disponível no Brasil apresenta altos índices de THC e no caso do tratamento de convulsões, por exemplo, a propriedade efetiva utilizada é o CBD, o cânhamo. Já registrei casos de mães que compraram extrato oleoso clandestino e verificaram o aumento no número de convulsões da criança pelo alto teor de THC”, conta a professora.
“Além de não haver respeito com as etapas de colheita e secagem da planta, o que acarreta em proliferação de fungos e bactérias, é comum que os cultivadores prensem não só as flores, mas também galhos, sementes e até mesmo insetos presentes nas plantas”, afirma o cofundador da Smoke Buddies.
Referências:
Urina, insetos, fungos: o que se encontra na maconha prensada e o risco à saúde dos usuários. Cannabis & Saúde. 2020. Disponível em: < https://www.cannabisesaude.com.br/urina-insetos-fungos-o-que-se-encontra-na-maconha-prensada-e-o-risco-a-saude-dos-usuarios/> Acesso em: 24 out 2020.