Dona Maria tem talentos insuspeitados
Dona Maria tem talentos insuspeitados. Ela ajuda em diversos aspectos, é boa para a cabeça, é boa para o estômago, é boa para os olhos... É uma senhora prendada que, desde muito antes de todos nascermos, colabora com a comunidade.
Dona Maria sofre muito preconceito. Especialmente por ter sido apresentada por gente preta, e gente preta não goza de muito prestígio. Se preto gosta, boa coisa não é! Então os que mandavam resolveram que dona Maria não devia poder fazer sua magia boa, ela devia ser do demônio. Ora, dona Maria ajuda na diversão, mas seu forte MESMO é cuidar da saúde. Ela faz MUITA diferença na vida de quem precisa, transforma, literalmente, dor em alegria, desespero em consolo.
Pessoas com doenças, com dificuldades específicas, muitas vezes são largadas. Dá trabalho, vamos nos divertir e deixar para lá. Mas sempre fica alguém para cuidar. Um pai, uma mãe, uma tia, um vizinho... E certas situações – como as do espectro autista, por exemplo – ainda têm muitas lacunas. Seres humanos são múltiplos, cada um é de um jeito. Para tentarmos entender precisamos juntar as pecinhas do enorme quebra-cabeça que é nossa existência. Eu, por exemplo: ODEIO mudanças. Se mudam a embalagem do meu sabonete já fico irritado. Um autista também, igualzinho a mim – mas mais intenso. E dói. Um pouco em mim, muito nele. E nessas coisas dona Maria pode ajudar, e muito. Mas precisamos que as pessoas que precisam dela, e que eventualmente nem sabem que precisam, sejam comunicadas disso. Avisá-las que dona Maria pode ajudar – e muito – é acender uma luz numa estrada muito escura. Uma luzinha pequena pode significar a diferença entre dar de cara numa árvore, cair num buraco, ou seguir com segurança.
Mas precisamos defender dona Maria. A ignorância não gosta do conhecimento, se sente ofendida. Ironicamente, ela mesma poderia ser ajudada, pois dona Maria ajuda a pessoa a pensar melhor. Ajuda na depressão, ajuda nas dores... Dona Maria é fantástica. Mas é perseguida, especialmente por isso.
Então inauguramos essa coluna, Papo de Maria Sem Mistério, para não só defender dona Maria, mas para espalhar sua bondade e eficácia. Aqui os amigos dela vão contar detalhes que nem todo mundo sabe, ajudando a montar aquele quebra cabeça ao qual me referi mais atrás.
Ah, faltou dizer:
Seu nome todo é Maria Joana, nascida MariJuana, da família Cannabis, mãe do canabidiol. O prazer é todo nosso.
Ricardo Dias é usuário de canabidiol. É luthier, músico e escritor.
https://iree.org.br/colunista/ricardodias/
https://immub.org/noticias/colunista/ricardo-dias
